O assunto que mais me interessa falar aqui deve ser a minha (falta de) saúde mental mesmo, ainda que reconheça que não tenho qualquer conhecimento científico sobre o que vou dizer, nem um objetivo claro de onde quero chegar.
Acredito que este espaço seja bom para eu discutir minha crise dos 20 e poucos anos. Completei 26 anos há dois meses, portanto nem são tão poucos mais. Mas eu divago.
Bom, procurei ajuda psiquiátrica pela primeira vez em maio de 2020, aos 23. Na época, 2 meses pandemia adentro, eu tinha voltado a morar em Jales, com meu pai, estava namorando à distância, era recém formado, desempregado, e tinha acabado que largar uma pós graduação que começara em março.
Eu passava meus dias em Jales dormindo, jogando GTA e comendo. Eu sofria bastante a mudança abrupta do status do meu relacionamento para “à distância”, e não conseguia focar em nada, só pensava na minha ex-namorada e quando nós iriamos nos encontrar de novo.
Do fim de março até meados de junho daquele ano, eu também entrei em lockdown, parecia que estava deixando a vida passar para que, ao final da pandemia, eu pudesse voltar à minha vida normal em São Paulo. Nesse meio tempo não estudei, não trabalhei, não fiz exercício, nada, vivia em função da próxima mensagem que minha ex fosse mandar.
Não foi uma grande fase.
Vendo esse espiral de autodestruição que eu estava dentro, eu era sempre motivado pelo meu pai e minha avó a fazer algo. Mas foi depois de conversas com meu primo que decidi buscar ajuda de um psiquiatra.
Assim fui atrás de um médico de Jales que me recomendaram. Fui e falei toda a situação. Expliquei sobre como eu era, o que fazia, como estava antes da pandemia, aquela coisa toda de primeira consulta.
Meu discurso para o que me levou À consulta era basicamente esse: “Eu não consigo focar em nada, não quero fazer nada, meu único desejo no momento é voltar pra São Paulo e ficar com minha namorada, mas não faço ideia de quando isso vai ocorrer.”
O diagnóstico do médico foi: Transtorno de ansiedade esquiva. E ao ponto que ele ia me explicando tudo o que isso queria dizer, eu ia relacionando com a minha vida, minha maneira de ser e entendia o tanto que ele estava correto.
E aí ele receitou. Além de recomendar fortemente que passasse a fazer terapia e voltasse a fazer exercícios regularmente, ele também lançou as drogas. Dois remédios de uma vez. Um ansiolítico e um outro também para ansiedade, ele disse.
Chegando em casa, não pude deixar de pesquisar os remédios no Google, como qualquer pessoa leiga responsável. E aí em um deles tava lá: “Zetron XL é um medicamento indicado para tratar depressão.”
Imediatamente fiquei tenso, porque mesmo sabendo que realmente tinha pinta de depressão, eu não estava preparado pra admitir isso ainda.
Mas ok, comecei o tratamento. E é aquilo, todos dizem que nos primeiros 15, 20 dias você não sente muitos efeitos. Verdade. Mas senti efeitos colaterais. Eu sou uma pessoa que tem sérios problemas de suor, qualquer um que me conhece sabe, mas nesses primeiros dias estava insuportável. O clima quente e seco de Jales com certeza não ajudava.
Enquanto eu só sentia efeitos colaterais, eu ficava nervoso e ansioso, aguardando quando veria de verdade esses resultados que estava buscando.
Me lembro que quando avisei para minha ex que tinha começado um tratamento para ansiedade e depressão, não tive muito apoio. Na verdade, acho que ela não via razão para o que eu estava fazendo, e mesmo que não demonstrasse discordância, também não indicou qualquer incentivo.
Então veio o mês de junho. E assim se aproximava o dia dos namorados, AKA meu aniversário. Digamos que esse aniversário em específico era bem importante pra mim, porque eu nunca tinha passado namorando alguém, então eu e minha ex tínhamos combinado que iria para São Paulo na semana do dia 12 e passaríamos um tempo juntos.
Mas chegando perto da data, sempre que eu tocava no assunto da viagem à São Paulo, ela desconversava, dizia dos riscos envolvidos na viagem, de covid etc. Depois de insistir no assunto, ela simplesmente se fechou completamente e parou de me responder e me atender.
Esse tratamento de silêncio durou uns 5 dias. Natural que eu tivesse começado a ficar levemente desesperado. Ficava atrás dela, ficava atrás de amigos em comum, para tentar alguma notícia. Não conseguia nada.
Nesse meio tempo tive retorno com meu psiquiatra, falei que ainda não sentia tanto os efeitos desejados dos remédios, mas expliquei também toda a situação que eu me encontrava.
E agora se preparem porque vem um momento meio coach.
Durante a conversa dessa segunda sessão, percebi que eu deveria me priorizar e não ficar vivendo em função da minha ex.
É uma conclusão óbvia?
Sim.
Eu já tinha percebido isso?
Não.
Assim, depois de refletir mais, conversar com outras pessoas também, decidi que não tinha como manter mais o relacionamento daquela forma e terminei por mensagem mesmo. Não foi ideal, mas ela não respondia mesmo.
Isso ocorreu uns 2 dias antes do meu aniversário, então não foi lá um dia tão feliz também, mas ok.
Mas depois disso eu realmente passei a tomar conta da minha vida mesmo.
Em junho de 2020 eu comecei a me exercitar, me alimentar corretamente e fazer um horário fixo de trabalho e estudo.
Nos últimos seis meses daquele ano eu acredito que vivi minha melhor fase de saúde física na vida, emagreci 24kg, comecei a trabalhar como advogado, voltei a conseguir me concentrar e ler livros, participei frequentemente, ainda que remotamente, de vários eventos da minha igreja em São Paulo.
Eu tenho claro pra mim que tudo isso foi possível porque consegui coordenar o tratamento psiquiátrico com as mudanças que implementei na minha vida, cada coisa dependia da outra para funcionar.
É lógico que não foram 6 meses de alegria total e vou poupar os leitores das vezes que tentei convencer minha ex a reatar o namoro.
Mas o que quero deixar aqui é que algo mudou pra mim quando decidi buscar ajuda psiquiátrica, e quando aceitei que o que eu tinha era depressão. Eu tinha 23 anos e tinha depressão, ao não assumir isso eu estava em uma situação pior porque não entendia com o que estava mexendo.
Hoje tenho 26 anos e sigo com depressão. Infelizmente ainda não me curei da doença, mas isso não quer dizer que não sigo lutando. Cada dia o objetivo é tentar entender o que está acontecendo e seguir buscando soluções e ajuda para melhorar (essa parte também ficou bem coach, perdão).
Mas eu vejo hoje que buscar ajuda foi a decisão correta.
Não sei como terminar esse que é meu primeiro texto, primeira coisa mais séria que escrevo em muito tempo, e que, ao reler, vejo que é bem desconexo.
Prometo que vou melhorar (ou não).
E vou tentar falar de coisas mais legais também, achei esse texto muito sem sentido e triste, mas sei lá.
A periodicidade da newsletter ainda está a ser definida, mas pretendo escrever uma vez por semana, em um dia TBD.
Beijos de luz.
Gostei de ver! Compartilhar faz parte do processo de organizar! Obrigada pela recomendação :)